Paris subjugada
25/08/1944 - Libertação de Paris
que ficara 4 anos sob jugo Nazista.
Vendo essa imagem que me pareceu muito eloquente, tentei, sem sucesso, procurar se havia em minha memória registro desta data. Lembrei-me entretanto do início da história, que deve ter sido em 1940, um ano depois que havíamos migrado para a colônia Alemã de Agudo, na época ainda Distrito de Cachoeira do Sul.
Ficou nitidamente registrado em minha memória um episódio que presenciei na Pharmacia Popular de meu pai, numa das visitas quase diárias do Subprefeito da Vila (autoridade máxima), Sr. Rolf Pachalli, que morava (onde mantinha o gabinete oficial e a cadeia pública) há uma quadra de nossa casa.
Ele era um homem que chamava atenção pela sua figura, postura e expressões. Como de costume ele conversava com meu pai do lado público do balcão, e frequentemente se acocorava no degrau superior da escada de acesso, para prosear. Hoje, com a urbanização, o estabelecimento está ao nível da rua, mas na época, era necessário escalar uns quatro degraus de cimento (ver fotos). De hábito ele vestia bombachas de cinza claro, e usava alpercatas. Se não me engano, na rua chapéu de aba larga, e tinha uma faca embainhada, atravessada na cintura, bem a moda gaúcho. A fala dele também me lembra um estilo campeiro, quando falava português.
Guardei as palavras dele, entoadas com muita veemência e entusiasmo: "Contaram que os Boches (soldados alemães) estão nas portas de Paris. O dia que entrarem vou dar um churrasco! Oigate porquera seu..."
Frequentemente ele vinha de noite escutar rádio, ondas curtas, no rádio de meu pai, único ou dos poucos na Colônia. Havia um noticiário em português dando as últimas notícias da guerra. Não sei se era da Deutsche Weller ou se este nome eu acrescentei depois. Ao menos no princípio, a maioria das pessoas da vila eram pró-eixo.
Quando o Brasil declarou guerra ao eixo, desapareceu o professor de minha Escola (que era paroquial protestante e depois fechou, voltando a reabrir mais tarde como escola pública, com o nome de Dom Pedro II). Contaram-me que ele havia fugido porque fora colaboracionista, e catava pedras com cristal de rocha, posteriormente entregues a submarinos alemães que vinham até nosso litoral. Era material estratégico, utilizado na indústria bélica para cortar placas de ferro e aço, em substituição ao diamante que não era suficiente para atender a demanda.
Pretendo colocar uma foto da fachada da farmácia na época e depois, também foto do subprefeito.
Eu fui colega de aula em 1940 do filho dele, que se chamava Ivo. Uma filha fazia aniversário junto comigo e era um ano mais moça. Uma irmã dela mais velha era professora de nossa escola, do terceiro e quarto anos. Havia somente duas salas de aula, cada uma abrigando alunos de duas turmas. A minha era do primeiro e do segundo ano.
Eu com suspensório e dois vizinhos. Meus pais na janela. Deve ser 1940.Mesmo prédio com a cidade já iniciando urbanização
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